Com apenas um voto, o dela mesma, uma professora aposentada de 79 anos tomou
posse na Câmara Municipal de Coivaras (88 km de Teresina), cidade de pouco mais
de 3.800 habitantes.
Constância Melo de Carvalho (PMDB) substituiu Raimunda Costa Santos (PSDB),
cassada sob acusação de infidelidade partidária.
Segundo Constância, a performance ruim no pleito se deveu ao fato de ter
desistido da campanha para cuidar do filho, que estava doente e morreu meses
depois.
"O Neto, meu filho, era minha pedra forte. Ele queria que me
candidatasse, mas eu não queria. Dizia para meus eleitores que meu nome tinha
ficado lá, mas que não era mais candidata."
No dia da votação, Constância diz que resolveu votar em si própria para
ajudar o partido.
"Pensei: 'Sabe de uma coisa? Vou votar em mim. Não vou ser besta'. Se
eu votasse em mim, sustentaria o PMDB, o PSB e o PSDB, [partido] do meu
prefeito."
O voto acabou lhe rendendo o posto de suplente da coligação.
Segundo o presidente da Câmara de Coivaras, Carlos Alberto Araújo (PSB), os
outros suplentes não puderam assumir o cargo por terem trocado de partido com a
proximidade das eleições.
Essa é a quarta vez que Constância assume a vaga na Câmara --a primeira foi
em 1992, quando teve o segundo maior número de votos.
A posse ocorreu no dia 23 de abril. De lá para cá, só participou de uma
reunião, afirma. Entre os projetos, está o de construir uma casa para idosos.
"Vou me comportar como simples vereadora que quer trabalhar pelo povo,
mas não foi eleita pelo povo. Ainda assim, o povo é meu povo", diz, com
discurso político afiado.
A história se repete
A história da professora
Constança Melo não é inédita no Piauí. Em junho de 2008, a funcionária
pública Carmem Lúcia Portela Santos, 46 anos, tomou posse na Câmara
Municipal de Pau D'Arco do Piauí após o titular da vaga ser cassado por
infidelidade. Ela havia obtido apenas um único voto nas eleições de
2004.
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